Cantor usava tranças desde 1976 e mudava apenas o penteado
Em 1976, quando lançou um disco que levava seu nome, Milton Nascimento surgiu com tranças nos cabelos, visual que se tornou sua marca registrada desde então, intercalando com penteados que sempre realçaram a cultura africana. No domingo (21), o cantor mineiro de 78 anos, surgiu pela primeira vez sem suas tranças. Bituca, como é chamado, surpreendeu os fãs.
“Depois de quase 25 anos, decidi mudar o visual! O que vocês acharam?”, questionou ele nas redes sociais.
O clique do “novo” Milton Bituca Nascimento, feito pelo fotógrafo Augusto Nascimento, caiu no gosto dos fãs e amigos, mesmo ele aparecendo apenas de boné.
“Lindo!”, comentou Iza.
“Maravilhoso”, comentou Vanessa da Mata.
“Mais jovem”, observou Flávio Venturini.
“Coisa mais linda”, disse Maria Gadú.
“Sempre maravilhoso”, escreveu Fafá de Belém.
“Lindão sempre e sempre!”, disse Danilo Mesquita.
“Sempre lindo!, comentou a filósofa Djamila Ribeiro.
“Gato”, escreveu Drica Moraes”.
Tranças têm forte significado
Usar tranças nos cabelos é mais do que estética. Na cultura africana, penteados com tranças ganham um amplo terreno social que abrange, entre outros aspectos, religião, parentesco, estado, idade e etnia.
Termos étnicos como Nagôs, Angolas, Jejes e Fulas representavam identidades criadas pelo tráfico de escravos, cada um com um leque de tribos escravizadas de cada região. As divisões e reconhecimentos de cada tipo de trança continha sempre um mapa para ajudar nas suas longas caminhadas e traçados.
No início do século XV, com a escravidão das sociedades africanas, o cabelo exerceu a importante função de condutor de mensagens. Nessas culturas, o cabelo era parte integrante de um complexo sistema de linguagem. A manipulação do cabelo era uma forma resistência e de manter suas raízes. Coisa que, nos dias atuais, vem tendo um grande poder não só nas mulheres e sim na sociedade como um todo.
As tranças serviram como pano de fundo de diversos movimentos como, Marcha dos Direitos Civis nos Estados Unidos, o aparecimento de movimentos negros como o Black Power e os Panteras Negras, que lutavam pelos direitos e enaltecem a cultura afro.